segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Ilha do Medo (Shutter Island)

EUA / 2010 / 138
Teddy Daniels é um agente federal que é enviado à ilha de Shutter Island, uma prisão hospitalar, para investigar o misterioso desaparecimento de uma paciente.

Martin Scosese mostra sua admiração e afeto por DiCaprio escalado-o pela quarta vez consecutiva para protagonizar seu filme (depois de Gangues de Nova York, O Aviador e Os Infiltrados). DiCaprio não surpreende, mas mantêm seu padrão de boa e satisfatória atuação.

A Ilha do Medo (adaptação do livro Paciente 67, de Dennis Lehane) intriga já no início, com uma fotografia melancólica e música carregada. O clima sombrio se faz presente em todo o filme e Scorsese com quase 50 anos de carreira, mostra ainda que é capaz de surpreender com bons filmes.

Junto com seu novo parceiro, o agente Chuck, Teddy começa a suspeitar de experimentos ilegais conduzidos nos pacientes da ilha e decide descobrir a verdade. Em paralelo, busca um homem chamado Laeddis, um piromaníaco que foi o responsável pela morte de sua esposa. A trama se complica com as árduas lembranças e recorrentes sonhos de Teddy com sua esposa e com o tenebroso campo de concentração que presenciou na guerra contra os nazistas. Não demora muito para o filme se tornar confuso e dificultar distinção de realidade e sonho e de verdade e mentira.
Com cenas extremamente horrificantes e pesadas, o espectador buscará respostas e criará opiniões a cada diálogo e cena. Mesmo após o final do filme é possível sentir o disco rígido do cérebro rodando incansavelmente na busca do entendimento do todo.

Se você assistiu o filme e achou meio confuso, leia abaixo meu detalhado resumo.

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Atenção: Se você ainda não assistiu ao filme, pare de ler agora mesmo! O texto abaixo detalha a trama e o final.

Andrew (DiCaprio), um ex-militar que combateu na Segunda Guerra Mundial e teve sua vida irreversivelmente traumatizada com os horrores que viveu. Os rostos dos vivos e os corpos dos mortos no campo de concentração, o oficial que falhou no suicídio (ele o observou sofrer durante uma hora, até o nazista finalmente morrer), o ataque de ira dos soldados - e dele, principalmente - contra os prisioneiros nazistas, construíram um pesado trauma que o fez recorrer à bebida.

Sua esposa, Dolores, começou a enlouquecer. Três crianças pequenas e o marido na guerra; depois o marido alcoólatra. Em um momento de loucura, ateou fogo ao apartamento em que moravam e depois mudaram-se para uma casa no campo.
Um dia ao regressar do trabalho, ele encontrou seus três filhos mortos por sua louca esposa, boiando no rio (esta, sem dúvida, é a cena mais tenebrosa do filme). Com uma dor incontrolável, mata sua esposa com um tiro na barriga. O sofrimento desse horrendo cenário e o sentimento de culpa por não ter ajudado (de alguma maneira) a esposa, deixam-no louco e ele então cria uma realidade paralela para sua intolerável dor. Nessa realidade seu nome passou a ser Teddy Daniels e acredita que sua esposa foi morta por um homem bizarro chamado Laeddis, que na verdade é ele mesmo (seu nome verdadeiro é Andrew Laeddis).
É preso por seu crime e encaminhado para a ilha onde o Dr. Cawley decide ajudá-lo, deixando-o viver seu mundo de fantasia, com a esperança da recuperação de seu trauma (sim ele é um PACIENTE).
Na ilha ele fantasia o desaparecimento de uma paciente chamada  Rachel, que é o nome de sua filha (em sua realidade paralela, ele nunca teve filhos). Durante seus sonhos e visões, sua esposa e outros personagens sempre o aconselham a "esquecer" (you have to let go!), porém ele luta contra sua sanidade.

Na torre (farol), quando encontra o Dr. Cawley e seu parceiro (que na verdade é seu psiquiatra), ele começa a distinguir as realidades. Nesse encontro o Dr. explica que há dois anos o deixam viver nesse mundo fantasioso e que ele se recupera e depois regride, num loop infinito (sua última recuperação fôra há nove meses). Adverte também, com pesar, que se dessa vez ele não mantiver a sanidade, serão necessárias "medidas permanentes" (ele é um paciente perigoso). Ele se lembra de tudo, de toda a inconcebível historia de sua vida e parece recuperado. Na cena seguinte porém, quando seu parceiro/psiquiatra senta a seu lado, ele parece voltar ao seu mundo paralelo. Chuck dá um sinal pesaroso aos doutores. Então Andrew diz: "... isso me faz pensar o que seria pior, viver como um monstro ou morrer como um homem bom." Os doutores se aproximam e ele voluntariamente os acompanha a caminho da aparentemente lobotomia (cirurgia cerebral para tratar esquizofrênicos).
Com isso, é possível concluir que nesse último diálogo ele não estava realmente em seu mundo paralelo, mas decide "render-se" à vida, pois não é possível aceitar a realidade.
A ilha pode ser vista como uma metáfora à sua prisão mental. A tempestade, o clima sombrio de todo o filme podem também serem associados à sua amargura.
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Nota: 7,5

Um comentário:

  1. Athilove! Que honra comentar no seu blog!

    Uma pena ter achado a Ilha do Medo só 7,5!
    Precisa ver A Origem. EU amei.

    E ainda, para pessoas como nós que gostamos de umas esquisitisses, Across the Universe!
    Se gostar de Beatles vai valer a pena!

    Beijos

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