sábado, 20 de novembro de 2010

Tropa de Elite 2

 
Brasil / 2010 / 115 mim

Quando criança, sempre tive dúvida entre o Homem-Aranha e o Batman. Hoje, aos 25 anos de idade, posso afirmar que meu super-herói favorito é, de longe, o Capitão Nascimento.

Talvez eu tenha sido um dos brasileiros que mais demorou para assistir ao primeiro Tropa de Elite. A grande maioria dos filmes nacionais da atualidade só retratam a imagem negativa do Brasil (minha pátria, cada vez menos querida) e se resumem a pobreza, violência e/ou sexo. Isso definitivamente não me agrada. Em uma viagem, contudo, fui "obrigado" a ver o filme e, quando acabou, me arrependi por não tê-lo visto nos cinemas. Tropa de Elite me mostrou tudo o que eu não gosto e, mesmo assim, conseguiu me surpreender como nenhum outro filme nacional até o momento.

Confesso que fiquei triste quando soube da continuação e achei que não passaria de algo comercial. Na trama, o problema estava resolvido! O Capitão Nascimento encontrara um substituto competente para combater uma guerra interminável e viveria feliz para sempre com a família. Por que raios fazer uma continuação de algo que terminou bem? Pois é... Enganei-me ao subestimar José Padilha.

Em Tropa de Elite 2, o Capitão Nascimento está de volta; mais velho, mais maduro e menos sereno. Seus planos não dão certo e, só após 15 anos, deixa o BOPE para ser o subsecretário de segurança do Rio de Janeiro. Com isso, ele logo dizima o tráfico nas favelas, mas ingenuamente abre portas para os policiais e políticos corruptos arranjarem atrativas formas de rentabilidade (milícia). Entretamto, é daí que lhe surge a oportunidade para combater todo o mal pela raiz.

O filme começa como o primeiro, em uma cena confusa e extremamente tensa, cujo clímax só é revelado posteriormente. Também é narrado pela voz marcante de Wagner Moura, ainda mais carregada de cansaço. Mas não se engane; o filme não é uma repetição do primeiro.

Por um breve momento eu acreditei e me maravilhei na irrepreensível postura do personagem  Nascimento, mas em seguida me dei conta que estava assistindo um filme de ficção. O sucesso praticamente absoluto de Tropa de Elite 2 talvez seja um reflexo da revolta das pessoas com a situação do sistema nacional. Essa afinidade revoltante fez muitos julgarem a continuação melhor do que o prelúdio. Todos têm conhecimento do tráfico nas favelas, mas quando o assunto é o governo, a realidade é mais abrangente, pois afeta diretamente cada um.

Embora eu prefira o primeiro Tropa de Elite, me maravilhei com a ousada crítica à política e, principalmente, à sociedade brasileira; o problema não são as drogas, o tráfico de armas, a pobreza ou a ausência de devida educação, mas sim a pútrida e nojenta índole das pessoas. Essa ousadia e perspectiva de Padilha me conquistaram. Embora o filme use o Rio de Janeiro como cenário, a realidade proposta vai muito mais além de uma cidade, um estado ou país. É uma crítica direta ao ser humano, que é suscetível à corrupção. Dinheiro e poder, as maiores fraquezas da humanidade.

Muito mais do que um belo tapa na cara do governo e da sociedade, o filme trabalha, de forma natural e cativante, os conflitos psicológicos do desgastado herói Nascimento; será que existe alguém como ele, disposto à abrir mão de tudo para o bem maior?

Extremamente violento como o primeiro (talvez um pouco menos) e com belas cenas de ação, Tropa de Elite 2 prende do começo ao fim. Tiros à queima-roupa, invasão nas favelas e até perseguição de carros (a melhor cena de ação, para mim, foi ver o intrépido Nascimento invadindo a favela de helicóptero, coordenando toda a operação do alto, como em um jogo de estratégia).

Felizmente todo o elenco está de volta. A atuação de Wagner Moura continua magnífica - devo confessar que o cara é incrível! Só o conheço de Deus é Brasileiro e Tropa de Elite e, mesmo assim, o tenho como um dos melhores atores brasileiros. André Ramiro (Capitão Matias) também faz bonito e dá um show de atuação. O hilário Tentente-Coronel Fábio (Milhem Cortaz) também está de volta, mais sarcástico do que nunca. Até o mala do Seu Jorge faz uma bela participação.

Os palavrões estão ainda mais bem elaborados e atrevidos. Naturais, criativos e engraçados, garantem um belo e irretocável humor negro.

O questionamento moral também continua e exige ainda mais reflexão. Direitos humanos, justiça, honestidade, corrupção...  Uma mistura psicológica quase poética.

Recorde de bilheteria, Tropa de Elite 2 foi o filme mais visto nos cinemas brasileiros em todos os tempos [atualizado]. Longe de querer ser moralista, eu espero que, Tropa de Elite 2 consiga ser mais do que um simples filme para os milhares de espectadores e os inspire a serem pessoas melhores. Quero muito acreditar que haja e ainda haverá muitos com as boas qualidade de Roberto Nascimento.

Frase:
"Cada cachorro que lamba sua caceta!"

Nota: 9,5

2 comentários:

  1. Realmente, o filme é maravilhoso, melhor ainda do que o primeiro!
    Seguindo!

    Abraços!

    http://vivereler.blogspot.com/

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