quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Melancolia (Melancholia)

2011 / Dinamarca / Suécia
França / Alemanha / 136 mim
O que esperar de um filme de Lars Von Trier intitulado Melancolia? A resposta para esta pergunta retórica pode ser encontrada já nas primeiras cenas e, ainda, em câmera lenta.

Com um enredo simples, o filme, que é dividido em duas partes, mostra inicialmente os conflitos mentais de Justine (Kirsten Dunst) e a reação de sua zelosa irmã Claire (Charlotte Gainsbourg). Subsequente, a reação de ambas quando descobrem que um planeta (chamado Melancolia) colidirá com a terra nos próximos dias.

Tudo se passa na mansão do marido de Claire, John (Kiefer Sutherland), em uma reclusão proposital do diretor (que por diversas vezes impede os personagens de cruzar a ponte para a vila) para restringir e focar na constante mudança de humor dos protagonistas.

Padecimento, amargura, desgraça, desastre; é que se pode esperar das obras de Trier. Neste caso não é diferente. Porém, a calamidade adquire proporções maiores (simplesmente a extinção da raça humana). Contudo, o iminente fim do mundo ainda divide preocupações com coisas muito menores, como por exemplo, a dificuldade em fazer uma curva estreita com uma limusine.

Espere ótimas atuações (Dunst ganhou o prêmio de melhor atriz no festival de Cannes), fotografia nebulosa, cenas em câmera lenta, forte música instrumental e o famoso ensaio sobre o sofrimento. Quem viu Anticristo terá uma forte sensação de déjà vu (ou seria uma sensação de ctrl+c/ctrl+v?), ainda mais com a participação da marcante Charlotte Gainsbourg.

A revelação do final logo no início é algo que aprecio. Como preencher o fator surpresa do fim uma vez que este já foi, despreocupadamente, denunciado?

Prepare-se para, além de não conseguir julgar os personagens, imaginar o que você faria com seus últimos minutos antes da destruição da terra.  É mesmo a esperança a última a morrer?

Trier certa vez disse que um filme de ser como uma pedra no sapato. Particularmente, acho difícil ele ter conseguido esse efeito. Afinal, era de se esperar mais de quem afirmou ser "o maior diretor do mundo".

Curiosidades:

O personagem de Kiefer Sutherland menciona diversas vezes que um campo de golfe deve ter dezoito buracos. No início do filme (em direção ao final) Claire carrega o filho por um local onde há uma bandeira marcadora com o número "19". De acordo com o diretor, o buraco 19 é o Limbo.

Há várias contradições às leis da física tais como trajetória dos planetas, rotação, força gravitacional etc. Devido a alguns desses fatores, a destruição global aconteceria muito antes da colisão (erupções, terremotos etc).

Frase:

The earth is evil. We don't need to grieve for it.

Nota: 7

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