sábado, 22 de outubro de 2011

Super 8

2011 / USA / 112 mim
J.J. Abrams, o criador do misterioso seriado Lost, e Steven Spielberg, o diretor que imortalizou filmes alienígenas, juntos em um filme misterioso sobre alienígenas. A matemática é simples; será que essa formula poderia dar errado?

Um grupo de crianças se empenha na filmagem de um curta-metragem para um projeto escolar e, com uma câmera amadora, buscam ousadas locações para dramatizar as cenas. Certa noite vão para uma deserta estação de trem nos arredores de sua cidadezinha e testemunham um violento descarrilamento de trem causado, curiosamente, por um de seus professores. Já na manhã seguinte, a cidade se torna uma base militar devido a misteriosa carga que o trem transportava. Além disso, pessoas e aparelhos eletrônicos começam a desaparecer. Toda essa bagunça pouco afeta as crianças até que a garota da turma desaparece e, quando decidem resgatá-la, percebem que estão lidando com uma criatura de outro mundo.

É fato que o diretor (Abrams) e o produtor (Spielberg) dispensam propaganda e, mesmo após todo o pesado marketing envolvido, ainda investiram no poster (ao lado) desenhado por, ninguém menos que, Drew Struzan (De Volta para o Futuro, Indiana Jones, Star Wars, e mais de 140 outros grandes filmes). Todo esse clima, atrevo-me a dizer, empolgou, com facilidade, qualquer pessoa que tenha experienciado a empolgante criatividade cinemaográfica dos anos 80...

... Mas a preocupação em recriar a atmosfera dos filmes oitentistas é - ou talvez seja, a maior falha de Super 8: Grupo de crianças (o orfão, o gordinho, o encapetado e a musa) que vive em uma pequena cidade e sofre conflitos de amadurecimento; sem deixar por inadvertência, é claro, o ingénuo primeiro amor, que destroi todas as barreiras (e até monstros alienígenas).
Esse esforço foi tanto que gerou, ao menos, um ponto posito: As crianças, foram, certamente, selecionadas por seus marcantes traços fisionômicos: Rostos extremamentes acentuados e distintos (narizes, cabelos, olhos e aparelho dentário); e esses atores juvenis, felizmente, atuam satisfatóriamente bem.. seja pelos simples diálogos ou pelos agressivos closes (ambos enriquiecedores de cenas) ou ainda, pelo incógnito talento.

Com um enredo simples e superficial, o filme se esforça para deixar as crianças em primeiro plano, fazendo o espectador perder a lembrança da chocante fábula.
Mais especificamente, é inegável não notar o desejo de Abrams em recriar o fenômeno E.T. - O Extraterreste (1982) e também sua incontestável incompetência para tanto.

Não há nada que chame muito atenção nos efeitos especiais, exceto o acidente de trem, que é uma das cenas catastróficas mais eletrizantes e assustadoras que eu já tive o prazer de ver. O monstro é completamente tosco! Uma mistura barata de Cloverfield e Optimus Prime que aparece em odiosos flashes, quase sempre em segundo plano e sempre na escuridão (quero ver a droga do monstro, caramba! Cadê a tecnologia - ou pelo menos a audácia de Jurassic Park, na qual os dinossauros apareciam o tempo todo e inclusive à luz do dia???).
Em vários momentos notam-se luzes azuis como reflexos de lente, frisando qualquer importância ou beleza das cenas (quase todas sem importância e muito poucas com beleza).

Spielberg continua apostando nas atitudes benévolas dos extraterrestres e J. J. Abrams continua construindo historias embasadas em inutilidades e desobrigadas de respostas.
Com Super 8, Abrams conseguiu assegurar meu profundo e irreparável despreso por ele; depois de 85 (oitenta e cinco) horas - praticamente perdidas - assistindo Lost, ele ainda consegue me decepcionar com um filme com menos de duas horas.

Assim como muitos disseram, sou obrigado a concordar que, o curta das crianças, que é exibido pós-créditos, é melhor do que todo o filme (e sinto muito pelas muitas pessoas impacientes que mal esperam o filme acabar e já saem em desespero do cinema).

Por fim, sei que escolhi fotos dramáticas para essa postagem, mas garanto, ó prezado leitor: Não há suspense, nem drama, nem comédia, nem... afinal, o que há em Super 8? Continuo me perguntando...

Curiosidades:

"Super-8" é o nome da bitola cinematográfica (filme) desenvolvida pela Kodak na decade de 60, que foi o sucessor do filme 8mm, por oferecer mais qualidade de imagem. É com esse genuíno filme que as crianças gravam o aterrorizante curta-metragem.

Além de "puxar o saco" do Spielberg, Abrams faz referências (ou seriam "reverências") a George A. Romero, o padrinho da ficção zumbi (detalhe no poster na parede do quarto do protagonista e no nome da maléfica empresa química do curta dos garotos) e, não contente, ainda coloca Robert Crumb na jogada, com sua controvérsa ilustração de "Keep on Truckin'" (também na parede do garoto).

E é claro que "Jota-Jota" não perderia a oportunidade para promover seus trabalhos; nomes de personagens de Lost e alusões a Cloverfield podem ser facilmente identificados pelos (muitos) fãs de seus trabalhos.

Frase:

Oh, drugs are so bad!


Nota: 6,5*

* Não digno de um super "8".

Um comentário:

  1. Athilove, muito bom seu texto! Não vi o filme ainda, mas achei sua crítica muito bem construída. eu fiquei com vontade de ver o filme, e acho que esse é o objetivo, fomentar discussão para diferentes pontos de vista!
    Parabéns! beijinho!

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