quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Cisne Negro (Black Swan)


2010 / EUA / 108 min.

Terminei de assistir Cisne Negro completamente perturbado. A confusa mistura de beleza e horror, em um forte exercício de psicanálise, deixou meu cérebro girando por dias. Comecei a escrever sobre o filme mas ficava depressivo e desconcertado a cada lembrança que me vinha à mente. Por fim, desisti da resenha e limitei-me a recomendar o filme ao amigos mais próximos.

Bastante tempo depois, uma amiga - e grande psicóloga, pediu, timidamente, minha opinião a respeito de uma breve resenha que ela havia feito sobre o filme. Curioso e empolgado, encontrei o seguinte texto:

Este magnífico filme transborda toda angústia e sofrimento existentes na opressão.

A personagem principal do enredo, Nina, vive uma vida infantilizada, fragilizada e guiada pelos desejos e vontades de uma mãe opressora e depressiva.

Nina faz parte de um importante grupo de balé, profissão que vem a reforçar alguns de seus elementos mais infantis, retardando o desenvolvimento de seu corpo e deixando-a envolta em fantasia. Ao mesmo tempo em que está sujeita as figuras hostis das companheiras do grupo e do treinador, com o qual vive um misto de amor e ódio.
Determinada a ocupar o papel principal no espetáculo do “Lago dos Cisnes”, ela se vê provocada a desprender-se das correntes da perfeição para se conhecer... existir....
Devido à base frágil e a falta de elementos de si própria, entra em contato com o que Jung chama de lado sombra que contém tudo aquilo que queremos negar em nós mesmos, tudo aquilo que queremos esconder. Todo esse processo desencadeia elementos paranóicos, projeções e vemos a luta da protagonista na perda de contato com a realidade.
Porém neste caso nunca o equilíbrio entre luz e sombra é encontrado e por fim o frágil e imaculado cisne branco se transforma, dominado por sua própria sombra.
Toda trama percorre conflitos psicológicos, sexuais, sociais, morais e transmite com admirável criatividade a complexidade do ser humano em arte! 
Marina Ambiel Grego
Quando terminei de ler seu texto, pude concluir duas coisas: Ainda bem que eu não fiz a resenha e ainda bem que conheci a Marina. Depois disso, pouco me resta - e pouco me atrevo a dizer sobre o filme, então faço minhas considerações finais:

O Lago dos Cisnes é um balé dramático de Tchaikovsky de 1877, dividido em quatro atos (resumidos abaixo); é crucial conhecê-lo para um entendimento um mais completo, rico e amplo do filme. É onde concluo que a personagem Nina é o Cisne Branco (Odette) tentando encenar sua realidade em uma adaptação brilhante de uma estória cuja amplitude metafórica é maravilhosa e infinita. As analises freudianas e junguianas eu deixo para a amiga Marina.

Curiosidades:

O Lago dos Cisnes

Ato I: É o vigésimo primeiro aniversário do príncipe Siegfried e também a hora de escolher uma noiva. Indiferente ao amor e às responsabilidades, ele sai para caçar, perseguindo um belo grupo de cisnes brancos que avistara.

Ato II: Quando tem em sua mira o mais belo dos cisnes, o pássaro transforma-se em uma linda moça. Curioso e encantado, ele descobre que a bela Odette é uma princesa condenada a um feitiço conjurado pelo mago Rothbart que a mantém, juntamente com seu séquito, em forma de cisnes, permitindo-as retomarem a forma humana somente à noite. O mago aparece e Siegfried tenta atingi-lo com sua besta, mas é impedido por Odette que explica que, se o mago for morto, ela também morrerá. O feitiço somente poderá ser quebrado por um jovem de coração puro que jure fidelidade e a ame verdadeiramente. Até que isso aconteça, estará condenada ao Lago dos Cisnes, formado pelas lágrimas de sua mãe. A alvorada os separa e Siegfield parte, após jurar quebrar o feitiço.

Ato III: Na noite seguinte, o salão de festas está cheio de convidados importantes, além de seis princesas candidatas à desposá-lo. Ele dança com todas e não se interessa por nenhuma, desejando somente Odette.Quando, para a infelicidade da mãe, ele declina as moças, é anunciada a chegado do barão Von Rothbart com sua filha Odile, ambos sob feitiços metamórficos. O ludibriado príncipe proclama, sem demora, seu amor à futura esposa. Odette, através das janelas do palácio, presencia a cena e volta inconsolavel ao lago. Siegfried ao vê-la fugindo, se dá conta do engano e, reconhecendo que acabara de quebrar seu juramento à Odette, parte em desespero para a floresta no meio da noite.

Ato IV: A princesa retorna ao lago ciente que somente a morte a livrará de sua sina. O príncipe chega e implora pelo seu perdão, explicando que fora enganado. Ela o perdoa mas são interrompidos pelo mago, que está disposto a tudo para evitar tal união. Já perto do amanhecer, Siegfried diz que prefere morrer à viver separado de Odette e casal perece no fundo do lago, em uma trágica morte de amor.
Frase:
I got a little homework assignment for you. Go home and touch yourself. Live a little.
Nota 9

2 comentários:

  1. Conclusão essencial e vital sobre o filme:

    MULHER QUE NÃO DÁ, ENLOUQUECE E SE MATA!

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  2. Aranovsky sempre tem essas questões de loucuras existenciais em suas filmes. Recomendado sem duvida

    se possível, visite meu blog

    www.semente-terra.blogspot.com

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