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2011 / Argentina/Espanha / 93 min |
O sistemático cinquentão Roberto (Ricardo Darín) leva uma vida solitária e extremamente metódica, administrando com zelo sua calma loja de ferragens. É tão recluso que ignora constantemente as insinuações da bela Mari (Muriel Santa Ana), a mulher com quem teve um breve romance. Sua rotina, contudo, vira de pernas para o ar (quase literalmente, na criativa cena no início do filme) quando o maroto destino lhe apresenta o jovem chinês Jun (Ignacio Huang), um imigrante ilegal que não fala uma sequer palavra de espanhol. Embora misantropo e neurótico, Roberto possui um bom coração que o impede de abandonar o desamparado rapaz que apenas quer encontrar seu ansiado tio.
A convivência com o chinês desperta em Roberto um conflito de sentimentos e memórias que remetem a seu passado, na guerra das Malvinas. Aos poucos e, mesmo sem se dar conta, seus paradigmas vão sendo quebrados (literalmente, em alguns casos) e as cicatrizes, amenizadas. Mais do que travessura do destino e alusão ao recomeço, fica evidente que entender uma pessoa vai muito além de falar o mesmo idioma e que compreender a si mesmo é a mais difícil tarefa.


O roteiro é semelhante a Melhor é Impossível, Ninguém é Perfeito e o recente Um Parto de Viagem; contudo, o filme triunfa!
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Com poucos recursos, esse pequeno-grande filme é a prova que os nós brasileiros estamos muito atrás dos argentinos em matéria de roteiro. Simples e cativante, Um Conto Chinês consegue ser uma comédia dramática de alta qualidade que consegue passar uma bela mensagem de maneira sutil e natural, sem pressa e sem estereótipos americanos.
E o que tem a vaca com isso? Bem, esse curioso detalhe cabe a você, digno leitor, descobrir e traduzir.
Curiosidades:
Em espanhol, "un cuento chino", é uma expressão equivalente à brasileira "história de pescador", ou - e ainda mais coerente com o filme (e ao curioso cartaz), "história pra boi dormir".
Após os créditos, surge a reportagem russa verídica da vaca que caiu do céu atingindo um barco pesqueiro.
Frase:
La vida es un gran sin sentido, un absurdo.
Nota 8
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